Pronto. Era só isto. ahahahahahah
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Faz precisamente hoje um ano que a vontade de registar, para memória futura, a minha permanência num solo fértil em tulipas e outras coisas igualmente abundantes, me levou a criar este espaço. Na época, não representava mais que o espelho de um quotidiano composto essencialmente pela adaptação a uma nova realidade, um recanto com as minhas vivências mais pessoais materializado em caracteres e imagens captadas um pouco por todo o país. Hoje, este blogue, já nada tem de socas, moinhos e bicicletas. Longe do propósito para o qual foi criado, a distanciar-se cada vez mais e a passos largos do objectivo inicial e, quiçá também, consequentemente, a perder alguma qualidade, é actualizado ao sabor da (às vezes diminuta) vontade, com a pouca (frequentemente nenhuma) inspiração do momento. Numa altura não menos feliz, mas noutra fase diferente da vida, porque distintas perspectivas se avizinham e novos desafios me chamam, ditam as circunstâncias que a aventura holandesa, sob a forma de palavras, acabe aqui. Aos que fui surpreendemente ‘conhecendo’, a todos que me foram acompanhando, com ou sem comentários, e aos que tiveram a enorme generosidade de me linkar, um sentido muito obrigada. Continuarei a visitar-vos em vossas casas, a beber o vosso chá de sabedoria e sobretudo a divertir-me imenso convosco, com todo o gosto.
Muito sucesso!
I’m not a winter person
Custa-me aceitar o fim do Verão. Desses dias longos cheios de luz que me tornam numa pessoa mais optimista e bem disposta. Dos fins de tarde na esplanada a comer moluscos, a rir e a deitar conversa fora. Nem a terapia de choque de uma meteorologia holandesa me imunizou a esta aversão. Custa-me muito a falta de luz, o vento e a chuva. Os dias a escurecerem mais cedo. As calças salpicadas pela lama. O simples largar da cama pela manhã, quando o frio e o sono gritam desesperados comigo, teimando em submeter o meu corpo à preguiça. Custa-me ter de cobrir os pés com botas quando eu sei que o que eles adoram é sandálias e havaianas. Custa-me ter de lidar com o meu péssimo humor, apesar de reconhecer o responsável. Custa-me ter sempre as mãos e os pés gelados ainda que a temperatura dentro de casa esteja nuns amenos 20º. Custa-me torrar a paciência numa fila de trânsito que não anda nem desanda, apenas porque caíram uns míseros pingos. Custam-me as dores na ossada e nos músculos tensos que se ressentem do estupor do frio. Custa-me voltar às mantas, aos lençóis de flanela, às pantufas e aos edredões. Custa-me inventar desculpas a mim própria para não socializar, porque estou a bater o dente e não me apetece sair de casa. Custa-me não sentir a mesma destreza mental. Custa-me ser tão dependente da sazonalidade da vida ao ponto de precisar de uma preparação mental e física para a estação que se avizinha. Custa-me enchouriçar-me com quilos de roupa em camadas, tipo cebola, e sentir frio na mesma. Custa-me guardar os trapos de cores alegres e voltar aos monocromáticos e, nesta altura, entro sempre em contagem decrescente (qual irmão Metralha a ver o sol nascer quadrado) riscando o calendário até avistar o dia 20 de Março.
Eu só quero ser uma ursa (pode ser a Teresa que até é fofinha) e hibernar até aí, quê?… meados de Maio de 2010. Pode ser?
Backspacer
A deliciar-me, em repeat mode, desde segunda-feira. Não vejo a hora de agendarem novo concerto por cá. Mas, para já, que se saiba, são estes meninos que vêm a Coimbra daqui a um ano. E eu, destes, fiquei saciada com o concerto de Julho, em Paris. Agora, o que eu quero é o Eddie, ai… (suspiro)
Bom fim-de-semana!
Rosa Choque
É sempre com um sorriso nos lábios que leio as pérolas que vêm nas revistas do coração, fiéis companheiras em momentos de ansiedade como as infindáveis horas nas salas de espera portuguesas. Senão que mais me poderia divertir e colmatar a delonga de uma consulta de estomatologia? Barbaridades como “ser mãe fez de mim melhor mulher” ou ah e tal “a maternidade transformou-me num ser menos egocêntrico” e quejandos, são frases que só me podem fazer rir e pensar que raio de gente era esta, antes de abrir as pernas para parir. Pois se só com um filho nos braços conseguiram tornar-se melhores pessoas e ver tudo de maneira diferente.
É isso e as manequins. Têm sempre corpos esculturais, rostos de uma beleza fulcral, rabos de fazer inveja às pedras da calçada, mas comem sempre de tudo e, dizem algumas, raramente fazem exercício físico. Hã? De tudo? A sério? E muitas são tão viciadas em chocolate quanto eu. Fantástico. A grande diferença é que eu tenho de lidar com a minha celulite, uma barriga proeminente, uns braços rechonchudos. E elas, elas são seres etéreos, estão noutro patamar, muito mais à frente, pois comem cozido à portuguesa, feijoadas, pratos de açorda e outra gastronomia very light como se não houvesse amanhã, sem que isso se note na balança. Simplesmente não lhes fica toda a vida nas ancas, mesmo sem idas ao ginásio. Há gajas com sorte.
Forever Friends
Há amigos que nos enchem a alma com as suas palavras. Que não nos criticam ainda que discordem das decisões tomadas. Que nos fazem rir à gargalhada com as suas peripécias. Que nos fornecem com as nossas séries favoritas. Que nos simplificam a vida. Que nos ouvem sem interromper e verdadeiramente interessados no que estamos a contar. Que se indignam com os nossos infortúnios. Que se abstêm de opiniões quando estas não são solicitadas. Que num simples telefonema nos contagiam com o seu entusiasmo e a sua alegria de viver. Que nos passam a sua onda Zen com todo o tipo de meios ao alcance. Que nos carregam de optimismo mesmo quando tudo está mais que perdido. Que nos dão chá de limão e canjinha quando estamos doentes. Que, quando todos os outros contribuíram para a extinção da palavra escrita no papel, nos enviam um postal com a nossa animação favorita.
Obrigada, deusa dos cereais.
Just a little break
Encontro holandeses nos locais mais improváveis. Fico estupefacta com isso. Como se agora o povo de uma única nacionalidade se multiplicasse e lembrasse de estar à mesma hora precisamente onde estou. Seguro a língua para não soltar um ‘Alles goed?’ porque tenho quase a certeza que daí poderá advir um seguimento de conversa que não conseguirei alimentar. Com enorme pena minha. Mas o que queria mesmo dizer-vos é que, esta semana, as coisas por aqui vão andar a menos de meio gás. Há assuntos para tratar, bem como algumas decisões que não podem permanecer eternamente adiadas. Por isso, apenas uma pequena pausa, um até já que vou só ali e já venho. A partir da semana que vem, se não houver Socas, Moinhos & Bicicletas há, seguramente, Arrábida, Choco Frito & Assaltos à Mão Armada.
É isso e “espilrar”
Há uns anos atrás havia uma rubrica, que não me lembro o nome, no extinto ‘O Independente’ na qual, todas as semanas, podíamos ver barbaridades bem piores que esta. Agora apenas circulam pela net (esta fui eu que captei in loco) não sendo grave, é no mínimo curiosa, pelo menos tendo em conta que, para a mesma palavra, já ouvi qualquer coisa como migalhêro.
I’m not a TV addicted
Em dois meses e meio de Portugal liguei três vezes a minha televisão. Os cinco primeiros minutos de noticiário chegam bem para me recordar porque até me esqueço que tenho este inútil electrodoméstico em casa. Aqui, na Holanda ou no Japão.
Segunda de Emoções
Depois de uma tarde inteirinha passada no IPO fico com a certeza de que há gente que deveria fazer uma breve visita à sala de quimioterapia para ver se entende, de uma vez por todas, que afinal não tem problemas na vida. Que o não saber o que fazer para o jantar ou a unha do pé encravada são apenas meros pormenores diante do que ali se vê.